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Acordo Ortográfico - Como escapar dele?
Thread poster: Maria Amorim (X)
Maria Amorim (X)
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Entrevista May 28, 2014

Para você, Cristina, e demais colegas que porventura não tenham visto este video. Entrevista com Sergio de Carvalho Pachá, Lexicógrafo –Chefe da Academia Brasileira de Letras ( demitido da ABL após a circulação de comentários contrários ao AO).

É bem elucidativo e bem triste ver os antecedentes e motivações que levaram a este famigerado acordo. Para quando tenham tempo de assistir, é um pouco longo, há certo ruído n
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Para você, Cristina, e demais colegas que porventura não tenham visto este video. Entrevista com Sergio de Carvalho Pachá, Lexicógrafo –Chefe da Academia Brasileira de Letras ( demitido da ABL após a circulação de comentários contrários ao AO).

É bem elucidativo e bem triste ver os antecedentes e motivações que levaram a este famigerado acordo. Para quando tenham tempo de assistir, é um pouco longo, há certo ruído no fundo, mas vale a pena:

https://www.youtube.com/watch?v=-_wIluG3yRs

E aqui segue também a ligação para a Iniciativa Legislativa do Cidadão (ILC) http://ilcao.cedilha.net/?page_id=92
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João Roque Dias
João Roque Dias
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O desacordo ortográfico é político? May 28, 2014

1.º Para quem acha que o desacordo ortográfico é uma atitude política (logo, lê-se nas entrelinhas, desprezível e não merecedora de consideração séria), fica esta recomendação de leitura:

http://issuu.com/roquedias/docs/10_parecer-ae-1-texto

2.º Para quem acha que que o desacordo ortográfico é uma atitude política, nunca ouviu certamente um d
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1.º Para quem acha que o desacordo ortográfico é uma atitude política (logo, lê-se nas entrelinhas, desprezível e não merecedora de consideração séria), fica esta recomendação de leitura:

http://issuu.com/roquedias/docs/10_parecer-ae-1-texto

2.º Para quem acha que que o desacordo ortográfico é uma atitude política, nunca ouviu certamente um dos autores do acordo (Malaca Casteleiro) defender o Monstro que criou (à falta de argumentos linguísticos sérios) dizendo que era uma "coisa política"!

3.º Para quem quiser ver a bandalheira em que caiu a ortografia portuguesa com o uso do desacordo ortográfico, aqui fica um documento elucidativo:

https://www.dropbox.com/s/31ys6266i7natqq/JRD_AO_CHOLDRA_ORTOGRAFICA.pdf

Nota: são 140 MB, porque a bandalheira também é muita.

4.º E para quem quiser ver como esta Mentira de Estado chegou até hoje, aqui ficam alguns factos:

http://issuu.com/roquedias/docs/jrd_que_gente_e_esta
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Maria Amorim (X)
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O desacordo... May 28, 2014

Grata, João Roque, pela valiosa e volumosa contribuição.

Concretamente, o que pode ser feito para além da ILC? Há portugueses no exterior que gostariam de assiná-la mas não possuem número de eleitor, o que acaba por circunscrever a iniciativa ao âmbito nacional. Há outras possibilidades em curso?


 
Ivana de Sousa Santos
Ivana de Sousa Santos  Identity Verified
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A ILC May 28, 2014

A ILC está há uns 4 ou 5 anos a recolher assinaturas. Para mim é uma farsa absoluta.

Por outro lado, com outros peticionários, fizemos uma petição que foi "discutida" na Assembleia da República no dia 28 de Fevereiro. Se essa petição nada conseguiu, a ILC muito menos vai conseguir (mesmo que um dia eles façam realmente alguma coisa).

Há neste momento uma acção popular em curso contra o estado, é a segunda via que nos é apresentada, a judicial (uma vez que
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A ILC está há uns 4 ou 5 anos a recolher assinaturas. Para mim é uma farsa absoluta.

Por outro lado, com outros peticionários, fizemos uma petição que foi "discutida" na Assembleia da República no dia 28 de Fevereiro. Se essa petição nada conseguiu, a ILC muito menos vai conseguir (mesmo que um dia eles façam realmente alguma coisa).

Há neste momento uma acção popular em curso contra o estado, é a segunda via que nos é apresentada, a judicial (uma vez que a política - quem preparou o AO - e não linguistas, filólogos, etc. - falhou).

Essa acção conta já com 50 autores, vários dos quais deste Grupo (de entre os mais conhecidos da opinião pública, estão, designadamente, ANTÓNIO BAGÃO FÉLIX, JOSÉ PACHECO PEREIRA, MANUEL ALEGRE, MIGUEL SOUSA TAVARES, TEOLINDA GERSÃO).

A "acção popular" é um instrumento jurídico que é muito usado em Países avançados, como nos Países nórdicos, mas que, em Portugal, tem pouca tradição. Trata-se de uma acção judicial que qualquer pessoa, no gozo dos seus direitos, pode intentar, para corrigir situações de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, ainda que não tenha qualquer interesse directo na situação em causa

A partir daí, os autores pretendem que a questão da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, de 25 de Janeiro - que antecipou o final do prazo de transição para a vigência do AO90 em 5 anos (!!) para o sistema de ensino (público, particular e cooperativo), e em 4 anos e 9 meses para a Administração Pública e para o "Diário da República (para mais desenvolvimentos, v. sucintamente http://www.verbojuridico.com/ficheiros/doutrina/constitucional/ivobarroso_acordoortografico.pdf) - seja apreciada."
Os Pareceres jurídicos são da autoria do Dr. Ivo Miguel Barroso (Docente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Mestre em Direito, Constitucionalista; "Curriculum vitae" disponível em: http://www.icjp.pt/sites/default/files/content/corpoDocente/curriculums/cv_ivomiguelbarroso_dez2013-2.pdf).
As Peças processuais são da responsabilidade de vários Advogados, designadamente do Dr. Francisco Rodrigues Rocha.

Quem quiser ser autor que me envie uma mensagem em privado; encaminharei depois para quem de direito.
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Maria Amorim (X)
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E... May 30, 2014

a título de resumo, mas não de conclusão desta discussão, há conforme relatado aqui um vasto material técnico que comprova, entre outras, as graves falhas e as graves consequências da aplicação do Acordo Ortográfico. E de que há possibilidades de agir contra o AO.

Tanto a ILC, a Iniciativa Legislativa de Cidadãos, como a Acção Popular mencionada pela colega Ivana, são meios legais válidos ao alcance de todos. E certamente outros virão. Mas aqui cabe o óbvio, por v
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a título de resumo, mas não de conclusão desta discussão, há conforme relatado aqui um vasto material técnico que comprova, entre outras, as graves falhas e as graves consequências da aplicação do Acordo Ortográfico. E de que há possibilidades de agir contra o AO.

Tanto a ILC, a Iniciativa Legislativa de Cidadãos, como a Acção Popular mencionada pela colega Ivana, são meios legais válidos ao alcance de todos. E certamente outros virão. Mas aqui cabe o óbvio, por vezes esquecido: cada um desses meios só funciona se cada um participar.

Penso agora também nos tradutores de português para outras línguas. Que material movediço encontrariam para fazer as suas traduções na aplicação do AO! Felizmente muitos escritores e associações de escritores já manifestaram que continuarão a escrever do mesmo modo como sempre o fizeram, nas suas próprias variantes linguísticas.

Deixo-lhes aqui algumas notícias recolhidas na internet:

http://www.spautores.pt/comunicacao/noticias/spa-nao-adopta-o-novo-acordo-ortografico-perante-as-posicoes-do-brasil-e-de-angola-sobre-a-material

http://www.publico.pt/cultura/noticia/escritores-mocambicanos-na-diaspora-repudiam-acordo-ortografico-1598796

http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1259098&seccao=Livros
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Ivana de Sousa Santos
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Ou ainda May 30, 2014

http://www.penclubeportugues.org/?p=953

 
José Henrique Lamensdorf
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In memoriam
Agora entendo... May 30, 2014

... porque os portugueses culpam os brasileiros pelo AO.

Maria Amorim wrote:

Para você, Cristina, e demais colegas que porventura não tenham visto este video. Entrevista com Sergio de Carvalho Pachá, Lexicógrafo –Chefe da Academia Brasileira de Letras ( demitido da ABL após a circulação de comentários contrários ao AO).

É bem elucidativo e bem triste ver os antecedentes e motivações que levaram a este famigerado acordo. Para quando tenham tempo de assistir, é um pouco longo, há certo ruído no fundo, mas vale a pena:

https://www.youtube.com/watch?v=-_wIluG3yRs


Assisti ao vídeo inteiro, e é realmente lamentável que a politicagem e autopromoção campeiem soltas por aqui. Como brasileiro, assumo a minha parte (1/200 milhões) da culpa pelo nefasto acordo.

Assim como hoje estão pondo na cadeia uns poucos dentre os incontáveis políticos corruptos daqui, um dia irão rastrear as contas bancárias de quem ganhou com o AO e talvez encarcerar uns e outros, também poucos, tardiamente.


 
Maria Amorim (X)
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José Henrique, May 30, 2014

essa entrevista narra uma parte da história mais recente do AO. Mas é claro que as responsabilidades por este AO são de ambas as partes (Brasil e Portugal), considerando-se a menor participação dos governos africanos de língua portuguesa (também uma falha neste AO).

Boa sexta-feira!


 
Ivo Barroso
Ivo Barroso
Portugal
A disortografia do velho "Acordo Ortográfico" de 1990 Jun 2, 2014

Meus Caros,

Centro-me nas questões linguísticas.

Preliminares: o AO90 é uma cópia mitigada do AO86, que seguia o Projecto de AO de 1975

O Anexo I do AO90 é uma versão mitigada do AO86, que foi o antecessor directo do AO90.
O Projecto de bases de 1986 encontra as suas raízes textuais no Projecto de AO de 1975, negociado entre 1971 e 1975, na sequência de um Simpósio, realizado em Coimbra, no ano de 1967[3].
O AO90 conserva várias dispo
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Meus Caros,

Centro-me nas questões linguísticas.

Preliminares: o AO90 é uma cópia mitigada do AO86, que seguia o Projecto de AO de 1975

O Anexo I do AO90 é uma versão mitigada do AO86, que foi o antecessor directo do AO90.
O Projecto de bases de 1986 encontra as suas raízes textuais no Projecto de AO de 1975, negociado entre 1971 e 1975, na sequência de um Simpósio, realizado em Coimbra, no ano de 1967[3].
O AO90 conserva várias disposições do AO86 e, no que inova, agrava alguns dos muitos problemas do seu antecessor[4].
Portanto, o AO90 não contém uma “nova” ortografia (“que é tudo menos ORTO-gráfica”[5]), pois tem 39 anos; ou, contando desde o início das negociações – iniciadas em 1971 - do Projecto de AO de 1975, até ao momento, 43 anos (!).
Entretanto, muitas inovações e descobertas foram feitas e divulgadas no domínio da Linguística.
O Anexo I do AO90, que contém as 21 Bases da “reforma”, é, pois, materialmente, um velho produto totalmente desactualizado.
O exposto explica porque é que o Anexo I do AO90, que contém as Bases do AO90, foi negociado apenas numa semana: é muito simples: manteve-se o que se pôde do AO86 (incluindo os próprios exemplos) e eliminou-se o que era mais polémico (designadamente a abolição dos acentos); aumentou-se as facultatividades.

“Não há nenhum argumento de carácter linguístico, pedagógico e cultural que justifique a adopção de mais uma reforma ortográfica em Portugal”[7], quanto mais de uma reforma tão profunda como a do AO90.

A reforma do AO90 “não só não resolve os problemas existentes, como cria problemas novos.”[8].

Parafraseando o Professor, linguista e filólogo ANTÓNIO EMILIANO[9], “O Acordo Ortográfico é um monumento de incompetência e ignorância”[10], “um desastre”[11], produto de “indigência intelectual”[12] de “inépcia científica”[13], e de “completa insensatez”[14].

1.1. O AO90 pretende uma aproximação da escrita à fala.
Trata-se de “um argumento absurdo e ignorante, que nenhum linguista sério pode invocar, e que pressupõe uma concepção datada e errada da relação entre escrituralidade e oralidade”[15]. Com efeito, reitere-se, “a ortografia é algo radicalmente distinto da transcrição fonética”[16].

1.2. Todavia, em rigor, o AO não consagra o “critério fonético”, mas uma realidade diversa, com a qual confunde: o “critério da pronúncia”[17].
Ora, a pronúncia de cada palavra é contingencial, variando de país para país, de região para região, de pessoa para pessoa e mesmo no âmbito das pronúncias de cada falante.
O “critério da pronúncia”, consagrado no AO90, obriga a um exercício grosseiro, de uma pessoa ser obrigada a pronunciar a palavra (“prolação”), para saber como se escreve uma determinada palavra.
Ora, “a ortografia situa-se, ou releva de, um ‘plano linguístico abstracto’, que não é, certamente, o da prolação”[18].
O “critério da pronúncia”, de muito duvidosa base científica, é, como se disse, de muito difícil (quando não impossível) “aplicação”.

1.3. A grafia do AO90 está a adulterar a forma como os Portugueses pronunciam. Já ouvimos dizer “detêto” (e não “detecto”), e “fâtura” (e não “factura”) - temos a tendência para fechar ou emudecer os sons (fechar as vogais), que se iria agravar.

1.4. O AO90 não significa uma evolução “natural” da língua.

1.5. A supressão das consoantes “mudas” “c” e “p” não tem em conta a fonologia do Português europeu. Esta supressão cria problemas novos: i) o aumento das palavras homógrafas; ii) aumento da potencial homofonia por influência da grafia na pronunciação (v. g., “intercessão” – “intersecção” – “interce[c]ção” – “interce[p]ção”); iii) perder-se-á a indicação gráfica e visual do parentesco lexical e semântico entre palavras da mesma família de palavras (“infe[c]cão” – infeccioso; “Egi[p]to” – “egípcios”); iv) erros de “acordês”; v) aumento das diferenças gráficas entre o Português europeu e o Português do Brasil, devido à “aplicação” do Lince e de outros “instrumentos”; vi) importação de expressões alegadamente atribuídas ao Português do Brasil; vii) erros de Português.

1.6. O AO90 não contém uma “nova ortografia” (v. acima), mas desactualizada.

Entretanto, muitas inovações e descobertas foram feitas e divulgadas no domínio da Linguística.

O AO90 amplificou as facultatividades e eliminou algumas das regras que pareceram mais aberrantes.

1.7. O AO90 não "unifica" a ortografia do Português europeu e do Português do Brasil, ao estabelecer as facultatividades irrestritamente, regras artificiosas, que não contribuem para “unificar” a ortografia, bem pelo contrário. Com efeito, “‘multiplicar a diversidade não é unificar; é apenas multiplicar a diversidade’”[22].
As facultatividades (nas consoantes “mudas”, na acentuação e na utilização de maiúsculas ou minúsculas) são muito perniciosas, pois pulverizam a ortografia em multigrafias entre os vários países lusófonos, em multigrafias regionais e em multigrafias pessoais (de cada escrevente individual escrever, a seu bel-prazer, a “sua” “ortografia”, “ao gosto e ignorância de cada um”[23]).
1.7.1. As facultatividades tornam possível que expressões com várias palavras sejam grafadas de múltiplas formas: por ex., “Rua de Santo António” terá 4 formas admissíveis de ortografia. Se a ela somarmos a grafia brasileira “Antônio”, teremos 8 formas diversas de grafar uma mesma expressão complexa[24]. A expressão “Electrotecnia e Electrónica” - designação de um curso, disciplina e área do saber – poderá ser escrita de 32 maneiras diferentes[25] (!!), sem que o AO ofereça qualquer critério normativo[26].
Qualquer uma destas formas está correcta do ponto de vista do AO90[27].
As grafias multiformes tornam o procedimento rotineiro de correcção ortográfica num autêntico “pesadelo para qualquer utilizador da Língua”[28].

As facultatividades destroem o conceito normativo de ortografia[29]. Nunca foram consagradas em qualquer reforma do Mundo e implicam “uma regressão de cerca de 300 anos”[30].

Os efeitos das inúmeras facultatividades gráficas são especialmente “devastadores” no âmbito do ensino da ortografia[31], gerando o caos generalizado nas escolas[32]. Para corrigir uma prova de Língua Portuguesa, cada Professor terá de conhecer e memorizar todas as grafias possíveis, para determinar o que está certo e errado[33].

As facultatividades, dando todas as formas da pronúncia como correctas, implicam um esforço titânico de aprendizagem[34].

O impacto da multigrafia do Português “na estabilidade e integridade dos vocabulários e terminologias científicas de especialidade, nomeadamente de áreas científicas e tecnológicas” será, previsivelmente, catastrófico[35].

1.7.2. Mesmo admitindo o contrário, a alegada “unificação” ao nível da ortografia — que o AO90 não promove em larga medida — não se afigura necessária:

Os aspectos do léxico (por exemplo, “pastelaria” (Portugal) – “lanchonete” (Brasil)), da sintaxe, da morfossintaxe e da semântica (palavras que têm significados distintos) mantêm-se diferentes, em ambas as variantes do Português (de Portugal e do Brasil).


2. Aspectos da implementação

2.1. A língua artificial que resulta do AO90 não é linear, permitindo várias interpretações, dado que está a ser transplantada para Portugal uma cultura (: a brasileira) e uma vertente ortográfica concebida num determinado País (: o Brasil), com as suas especificidades e idiossincrasias.

Veja-se a forma atabalhoada, caótica, como o AO90 está a ser "aplicado"; com exemplos como “Exeto Universidade” (sic) (em lugar de “Excepto Universidade”, em dois sinais de trânsito na Cidade Universitária).

2.2. O conversor ortográfico Lince, concebido pelo ILTEC, utilizado pela AR e por várias instituições, viola o AO90 (como está demonstrado no “Quadro de lemas” anexo à “Petição pela desvinculação…”[36]); pelo que é necessário retirá-lo de circulação.

Também o “Vocabulário Ortográfico do Português”, feito igualmente pelo ILTEC, viola o AO90


3. “Os fundamentos desta reforma não são de índole técnica e/ou científica, porque os mesmos são virtualmente inexistentes ou improcedentes”[1].
“Não havendo ‘a priori’ razão linguística, muito menos ortográfica”, a insustentabilidade da reforma[2], meramente baseada em critérios políticos, torna-se óbvia[3].
Nunca é tarde para corrigir um erro, tanto mais um de tamanhas proporções como este.
É óbvio que é possível reverter a situação de “aplicação” do AO90. Quanto mais cedo for feita, melhor para todos.

4. Os "pecados originais"

4.1. Não foram produzidos quaisquer estudos científicos por parte de quem fez a Reforma, baseados em dados fiáveis, para justificar os aspectos mais controversos da Reforma linguística realizada por esse Tratado internacional[4]. Designadamente, não se conhece: i) quais os grupos de escreventes e que sectores da sociedade serão mais afectados e de que forma[5]; ii) que incidência efectiva terá a reforma na expressão escrita e oral do Português europeu.
4.2.As razões geo-políticas e económicas, avançadas para fundamentar o AO90, carecem de qualquer fundamentação científica, pertencendo à mera Retórica, não à Ciência.
4.3. Não houve discussão pública sobre o AO em 1990/1991.
No processo de 2008, os Pareceres dos Especialistas e das entidades, que se pronunciaram contra por unanimidade[6], foram conhecidos tardiamente e não foram tidos em conta.

Em violação do art. 48.º, n.º 2, da Constituição, o Estado não prestou os esclarecimentos necessários sobre este assunto público.

Para mais desenvolvimentos, v. "Acordo Ortográfico: nunca é tarde para corrigir um erro", em http://www.publico.pt/cultura/noticia/acordo-ortografico-nunca-e-tarde-para-corrigir-um-erro-1626119?page=-1
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Ivo Barroso
Ivo Barroso
Portugal
O afastamento da ortografia de múltiplos lemas, entre o Português europeu e o Pt. do Brasil Jun 2, 2014

O afastamento da ortografia de múltiplos lemas, entre as variantes do português europeu e do português do Brasil


Será que o essencial das dificuldades e contradições aludidas seriam suprimíveis através da supressão do Lince e do VOP?
Se o Lince ou o VOP forem suprimidos, deixam de existir os instrumentos oficiais de “aplicação” do AO90.
Parece-nos que tal seria muito positivo, para que o homem não fosse dominado pela “máquina”.
Porém
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O afastamento da ortografia de múltiplos lemas, entre as variantes do português europeu e do português do Brasil


Será que o essencial das dificuldades e contradições aludidas seriam suprimíveis através da supressão do Lince e do VOP?
Se o Lince ou o VOP forem suprimidos, deixam de existir os instrumentos oficiais de “aplicação” do AO90.
Parece-nos que tal seria muito positivo, para que o homem não fosse dominado pela “máquina”.
Porém, uma tal eliminação deixaria “órfãs” as pessoas que, com uma confiança a toda a prova, pretendem ser “acordistas” (embora violando potencialmente o AO90).
É certo que existe um outro conversor, da Porto Editora, e vários Dicionários “acordizados”[1], disponíveis para o grande público português.
Todavia, como está demonstrado cientificamente, todos esses instrumentos são discrepantes entre si[2].

Repare-se que o “VOP” imputa ao Português costumeiro que a forma portuguesa de “recePção” seria “receção” (um lema que nem sequer existe em Português costumeiro ou em Português do Brasil); ou que o lema “respeCtivo” seria, na verdade, “respetivo” (ao passo que, no Brasil, é grafada “respeCtivo”).
Como escreveu RUI MIGUEL DUARTE, o VOP “não sabe ‘brasileiro’”.
Por outras palavras, o ILTEC confeccionou instrumentos que ignoram que a língua (a ortografia, mais precisamente) deve ser tomada em consideração, tendo em conta o espaço sócio-cultural onde essa língua é grafada. Não tendo em conta o processo de aculturação inerente à língua, foram consagradas várias soluções (1235 lemas, pelo menos), em que, antes de 2012, a ortografia era igual, em Portugal e no Brasil; mas que, com o “acordês” do VOP, ficaram com uma ortografia diferente.
Um estudo independente, realizado pela Mestre MARIA REGINA ROCHA, consultora do Ciberdúvidas, chega às seguintes conclusões, sintetizando:

“[E]ste acordo enferma de um grande pecado original: não alcança minimamente o apregoado objectivo da unidade na ortografia.
Para que serve um «acordo ortográfico»? Para unificar a ortografia de povos que falam a mesma língua. Ora, com este acordo, a ortografia da Língua Portuguesa não se unificou.”[3].

Registam-se inúmeros casos de lemas cuja ortografia era a mesma, na variante de Portugal e na variante do Brasil, em que, com a aplicação do “acordês”, passa a haver duas ortografias distintas: a título de exemplo, o lema “percePção” não sofre qualquer alteração na norma brasileira; mas passa a ser grafada “perceção” em Portugal e em todos os outros Estados, comunidades dispersas e indivíduos que têm a norma lusitana como padrão.
A “aplicação” por parte dos instrumentos do ILTEC desunifica a ortografia em mais de 1235 lemas, segundo o “Vocabulário Ortográfico do Português”, elaborado pelo ILTEC (como a Dra. MARIA REGINA ROCHA demonstrou:
"“(…) considerando a informação (…) veiculada [no Portal da Língua Portuguesa (http://www.portaldalinguaportuguesa.org)], a resposta é a seguinte (contagem feita manualmente): antes do Acordo – e exceptuando as palavras com alteração do hífen, as palavras graves acentuadas no Brasil e não em Portugal (como ‘idéia’ – ‘ideia’) e as palavras com trema (pelo seu número residual e por tais situações afectarem sobretudo a ortografia brasileira) –, havia 2691 palavras que se escreviam de forma diferente e que se mantêm diferentes (por exemplo, ‘facto’ – ‘fato’), havia 569 palavras diferentes que se tornam iguais (por exemplo, ‘abstracto’ e ‘abstrato’ resultam em ‘abstrato’), e havia 1235 palavras iguais que se tornam diferentes.
«Está a ler bem: com o Acordo Ortográfico, aumenta o número de palavras que se escrevem de forma diferente!!!
«Isto é, havia 1235 palavras que se escreviam da mesma forma em Portugal e no Brasil que, com o Acordo, mudam, a saber: 190 ficam com dupla grafia em ambos os países (por exemplo, ‘circunspecto’ e ‘circunspeto’); 57 ficam com dupla grafia mas só em Portugal (por exemplo, ‘conceptual’ e ‘concetual’, que no Brasil se escreve ‘conceptual’, mantendo a consoante «p»); 788 mudam para uma das variantes que existem no Brasil, por vezes a menos utilizada ou a considerada mais afastada da norma padrão (por exemplo, ‘perspetiva’: em Portugal, só se admite esta forma – sem «c» –, mas no Brasil admitem-se duas, ‘perspetiva’ e ‘perspectiva’, sendo esta última a preferencial)
(…)
«O problema diz, pois, respeito sobretudo à grafia das palavras que contêm as vulgarmente chamadas «consoantes mudas». Segundo os referidos dados do Portal da Língua Portuguesa, com o Acordo Ortográfico, no que diz respeito às palavras que mudam, no Brasil continuam a escrever-se 1235 palavras com essa consoante etimológica (978 de dupla grafia e 257 que se escrevem só com a manutenção da consoante), enquanto em Portugal e nos restantes Países de Língua Oficial Portuguesa, esse número desce para 247, e todas com dupla grafia!!!
«Leu bem: no Brasil, são 1235 as palavras em que se mantém essa consoante, enquanto em Portugal e nos restantes Países de Língua Oficial Portuguesa são apenas 247!!!
«Em Portugal, altera-se a ortografia fazendo desaparecer as referidas consoantes e, afinal, no Brasil, essa ortografia de cariz etimológico mantém-se!!!” (MARIA REGINA ROCHA, A falsa uniformização ortográfica, in Público, 19 de Janeiro de 2013).


Segundo a “aplicação” do AO90 no Brasil, os brasileiros podem continuar a escrever (como sempre escreveram, segundo as normas costumeiras decorrentes do Prontuário ortográfico brasileiro de 1943), por exemplo: acePção, aspeCto, conjeCtura, perspeCtiva, concePção, decePção, deteCtar, excePcional, taCtear, retrospeCtiva, percePção, interseCtar, impercePtível, respeCtivo, recePção, suscePtível, táCtico, etc.
Em Portugal, com a “aplicação” do “acordês”, somos compelidos a escrever: aceção, aspeto, conjetura, perspetiva, conceção, deceção, detetar, excecional, tatear, retrospetiva, perceção, intersetar, impercetível, respetivo, receção, suscetível, tático.
Existem muitos mais exemplos.
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Maria Amorim (X)
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Grata Jun 2, 2014

Por ser uma referência no assunto, tenho de agradecer-lhe Ivo Barroso por espontaneamente deixar aqui regist(r)ado um valioso e bem fundamentado material sobre o AO. Muitas questões estão esclarecidas o que em contrapartida mostra as inúmeras falhas e incongruências deste acordo. Mas, como menciona, nunca é tarde para corrigir um erro, mesmo dessa magnitude.

Obrigada, uma vez mais!


 
oxygen4u
oxygen4u
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Acabo de ler este artigo. Jun 7, 2014

Espero que a Maria Amorim não se importe que eu partilhe.

http://www.publico.pt/cultura/noticia/proibam-o-ingles-1639022

Patrícia


 
Maria Amorim (X)
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Artigo Jun 15, 2014

Obrigada, Patrícia! Um bom domingo!

 
Ivo Barroso
Ivo Barroso
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Acção judicial popular contra o AO90. Inconstitucionalidades do AO90 e da sua "aplicação" Dec 22, 2014

Foi intentada uma acção judicial popular contra a “aplicação” do AO90 ao sistema de ensino público (v. notícia em http://t.co/19YjdmL0vB; a notícia teve até ao momento 19.289 partilhas).

Para a demonstração das inconstitucionalidades do AO90 e de outros diplomas que o implementam, v. IVO MIGUEL BARROSO / FRANCISCO RODRIGUES ROCHA, “Guia jurídico contra o “Acordo Ortográfico” d
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Foi intentada uma acção judicial popular contra a “aplicação” do AO90 ao sistema de ensino público (v. notícia em http://t.co/19YjdmL0vB; a notícia teve até ao momento 19.289 partilhas).

Para a demonstração das inconstitucionalidades do AO90 e de outros diplomas que o implementam, v. IVO MIGUEL BARROSO / FRANCISCO RODRIGUES ROCHA, “Guia jurídico contra o “Acordo Ortográfico” de 1990”, disponível para descarga no “site” do Jornal “Público”, a partir de http://www.publico.pt/ficheiros/detalhe/requerimento-ao-ministerio-publico-contra-o-acordo-ortografico-20141120-233159

Para mais informações, juntem-se aos Grupos do Facebook “Cidadãos contra o “Acordo Ortográfico” de 1990” (https://www.facebook.com/groups/acordoortograficocidadaoscontraao90/) e “Professores contra o Acordo Ortográfico” (https://www.facebook.com/groups/178207905663865/).

Palavras-chave: Acção popular; "Acordo Ortográfico" de 1990; Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011; conversor Lince; "Vocabulário Ortográfico do Português"
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Obrigada, Ivo Barroso, por esta actualização de informações!

 
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Acordo Ortográfico - Como escapar dele?






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